segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Alunos evangélicos se recusam a fazer trabalho de cultura africana


Catorze alunos evangélicos do 2º e 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, de Manaus (AM), se recusaram a apresentar na feira cultural um trabalho sobre cultura africana porque acharam que seria uma ofensa a sua religião e aos seus princípios morais. Eles propuseram uma dissertação sobre “As missões evangélicas na África”, e a escola rejeitou.

“O que eles [evangélicos] queriam apresentar fugia totalmente do tema”, disse Raimundo Cleocir, coordenador adjunto da escola.

No entendimento da evangélica Wanderléa Noronha, o trabalho proposto pela escola exporia a sua filha a religiões de matriz africanas, com o que ela, a mãe, não concorda. “A discriminação aconteceu conosco”, disse. “Por que não pode haver espaço para a religião evangélica na feira?”  Ela disse que a sua filha sofreubullying por não aceitar a fazer o trabalho. 

O aluno Ivo Rodrigo disse que o tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade" contraria a sua religião. "A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses, e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a ideia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único."


O aluno Jefferson Carlos reclamou que foi obrigado a ler um livro de Jorge Amado, “chamado Jubiabá”, “onde um garoto tem amizade com um pai de santo”.  “Achei muito estranha isso, porque teríamos de relatar essa história no trabalho”, afirmou. “Queríamos apresentar de outro modo, sem falar sobre isso".

Os evangélicos também criticaram a indicação para leitura de outros livros clássicos da literatura brasileira, como “Macunaíma”, “Iracema”, 'Ubirajara', 'O mulato', 'Tenda dos Milagres', e 'O Guarany', por abordarem homossexualidade, umbanda e candomblé.

Por detrás da reação dos evangélicos está o pastor Marcos Freitas, do Ministério Cooperadores de Cristo. Ele criticou os livros que a escola listou para que os alunos lessem. "Tinha homossexualismo no meio, eles [direção da escola] querem que os alunos engulam isso?"


O Conceituando:
Muitas pessoas, costumam falar que religião não se discute, eu discordo, todo tema que apresente divergências deve ser amplamente abordado para um entendimento e conhecimento acerca do assunto. Nesse caso, eu particularmente, fiquei extremamente triste ao saber do ocorrido, não consigo entender, o nível de arrogância e egoísmo presente nas atitudes de um grupo isolado (que fique que estou me referindo a esse grupo especificamente) cometendo tamanhos atos de ignorância. Partindo da ideia desse grupo, devemos então retirar do currículo escolar as mitologias Grega, Romana, Celta e assim por diante. Eu li "O Grarany", "Iracema" e "O Mulato" nem por isso, me tornei adepto de religiões africanas. Acredito que esse ato seja puro preconceito, não vivemos em uma teocracia, em um país com tanta diversidade cultural é triste ver atitudes como esta. Para mim isso chama-se intolerância religiosa, ao meu ver o meu direito termina onde o do próximo inicia, e o meu próximo pode ser evangélico, católico, espírita, umbandista ou ligado a qualquer outra religião, e mesmo assim ele terá todo o meu respeito.

Sintam-se a vontade para concordar ou discordar do texto.

Um comentário: